domingo, 3 de abril de 2016

LOUCO PELA LUA




– O que você está fazendo aqui?

– Estou procurando a Lua...

– Ela não está no céu.

– Eu sei, estrela. Mas procuro assim mesmo, pois ela pode voltar a qualquer momento. Sei que ela se foi aborrecida. Foi embora, levando metade de mim...

– E quem é você?

– Eu? Eu sou um bobo, que não sabe usar as palavras e acaba transformando amor em dor. Um dia fui um mago, mas perdi meus poderes e o que restou foi um bobo... um bobo romântico, louco pela Lua.

– E o que você deseja com ela?


– Quero pedir perdão. Dizer que a amo muito e que deixe o livro de sua vida aberto para mim. Que não feche todas as portas. Que deixe pelo menos uma veneziana, uma persiana, um basculante aberto para que eu possa saber suas novidades, cuidar dela, deixar ela brilhar com toda sua intensidade. Dizer que ela é e sempre será especial, inigualável. Que se houve um astro importante no passado estelar, ele não existe mais e nem teve toda a sua dimensão.

– E se ela não quiser dar-lhe ouvidos?

– Então, rastejarei feito serpente pelo planeta Terra, lamentando a perda de alguém tão importante. Sentirei os minutos passarem devagar, se arrastando na agonia da falta de uma palavra digitada com carinho, uma foto de uma princesa linda de olhos negros e penetrantes, a voz macia e gostosa de uma criança, um riso lindo como nenhum outro no mundo. Que os deuses me protejam e me deem uma chance de, pelo menos, desfrutar de sua amizade. Não acredito que haja crime tão grave que possa afastá-la de vez do meu céu. Não será a mesma coisa olhar para o firmamento e saber que lá jamais estará incrustada no manto azul escuro uma imagem tão amada. Viverei feito um zumbi astral sem uma Lua tão sem igual.

Dilton Cardoso

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