Imagine que você está numa praia deserta.
A brisa do mar sopra delicada sobre o seu corpo nu, semimergulhado nas águas
azuis, esvoaçando seus cabelos cor de mel. A praia tem areias brancas e
cristalinas, chegando a refletir os doces raios de sol sobre seus pequenos
seios.
De repente, ao longe, você presencia uma
imagem se movimentando no verde-azulado do mar desta praia paradisíaca. Você
divisa uma boia e uma barrica. Dentro da boia, vê um corpo e o balé de braços
que nadam em direção à costa. É um náufrago que, afinal, encontrou a salvação
num mar tão encantado.
A imagem vai crescendo, se avolumando e
logo você pode observar o que tanto a sua curiosidade atiçava. A uns 100 metros
de distância do seu local, um homem, cansado da batalha com o mar, sai
extenuado de dentro das águas e descansa. Antes, retira do mar a barrica de
madeira, volume que trata com muito carinho.
Curiosa, ainda mais curiosa, você
abandona as águas e corre em direção ao homem do mar. Imagine que, logo após,
você está próxima a ele. O corpo exausto do náufrago está na horizontal, de
costas para o sol, restabelecendo-se da longa jornada. Mas ao ver aqueles pés
colados aos seus olhos, ele desperta. O vento sopra calmo por entre seus
cabelos, sua pele sente o calor da areia e a carícia da brisa marinha. Ergue os
olhos, observa você e seu corpo. As forças do homem se recuperam. Levanta. Ele
procura na mente confusa o espectro de um rosto conhecido ao olhar atentamente
para você. Imagine que você está com medo agora.
Por baixo da barba plantada pelo tempo,
você também vê uma feição conhecida. Um frio intenso invade-lhe o ser. Seu
coração se acelera. Mas a aceleração já não é de medo. Você já o reconhece.
O
homem se dirige para a barrica. Com imenso zelo, abre a parte superior. Enfia a
mão dentro do recipiente e pega algo ao tempo em que se dirige até você. O que
será? Você não viu, pois ele o ocultou às costas. Nem um sorriso no semblante
cansado do rapaz. Apenas a determinação de andar passo a passo na sua direção. Próximo
outra vez. Olhos nos olhos, brisa soprando, ele lhe estende a mão. Você inclina
a cabeça e observa a palma da mão dele.
Estrelas reluzem, cores se acendem, risos
ecoam, música passeia ao vento no exato momento em que você vê um pequeno livro
de poesias com capa de cetim bege, conservando ainda uma lua rosa na ponta e
inexplicavelmente seco, sem ter sido afetado pela água do mar. Na lua, feita de
papel duplex, duas curtas palavras: AMOR MÁGICO. Um precioso souvenir que o
homem salvou da morte.
Ele não morreu. Das águas azuis daquela
praia, ele saiu com sua preciosa carga. O homem de tolo destino acabou se
encaminhando ao seu amor perdido. Ali estava ele, você tão próxima de um beijo,
de um carinho. Mas cansado da luta com o mar, com a vida, ele virou-se, fechou
a mão com o pequeno livro e sumiu na praia.
Imagine que você estática estava e
estática ficou. Nem uma palavra, nenhum gesto, coração pulsando, medo, saudade,
amor, uma estátua. Imagine que você não quis lutar. Limitou-se a observar um
náufrago lutando com o mar. Balé de mãos nas águas azuis. A felicidade para
você estava longe da barrica e do livreto, que mágico estava e mágico ficou nas
mãos de um homem. Apenas mais um homem. Um homem de volta às águas azuis do mar
de uma praia paradisíaca.
Dilton Cardoso
5 comentários:
Achei profundo. E confuso.
Achei profundo. E confuso.
Realmente ... Um pouco denso... Está bem escrito, bonito, mas reconheço que está denso... posso melhorar... Obrigado por ler e dar sua opinião.
Realmente ... Um pouco denso... Está bem escrito, bonito, mas reconheço que está denso... posso melhorar... Obrigado por ler e dar sua opinião.
Estou preparando algo que você vai gostar muito. Talvez hoje... Se eu não tiver muito trabalho... Mas só vou postar quando eu achar que está muito bom. Fico muito feliz de saber que você vem aqui.
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